domingo, 13 de novembro de 2016

02/12/1720 Criação da Capitania das Minas do Ouro

ALVARÁ DE D. JOÃO V CRIA A CAPITANIA DAS MINAS DO OURO

Fernando Antonio Xavier Brandão

A separação da “Capitania das Minas” da “Capitania de São Paulo e Minas” foi determinada em Alvará do rei D. João V. Minas Gerais surgiu em consequência da criação da Capitania de São Paulo, decisão essa recomendada por Conselheiros do Rei e em carta do Governador D. Pedro de Almeida, o Conde de Assumar.

A forma indireta da criação da Capitania das Minas em nada desmerece o nascimento de nosso Estado. 

É importante lembrar que Minas Gerais, com sua autonomia administrativa, foi o território mais importante e mais rico do Reino de Portugal, no século XVIII. E de todas as Capitanias Brasileiras, Minas Gerais foi, desde o início, a que mais pregava a Liberdade, aquela liberdade dos primitivos povoadores da região, reinóis e paulistas, heróis que lutaram contra todas as dificuldades do sertão bravio e que aqui implantaram a língua portuguesa, a religião cristã, a fé em Deus e os sentimentos de honra e de amor ao trabalho. Eis o Alvará de D. João V para a criação.

Eu, El Rei – Faço saber aos que este meu Alvará virem que, tendo consideração ao que me representou o meu Conselho Ultramarino, e as representações que também me fizeram o Marquês de Angeja, do meu Conselho de Estado, sendo Vice-Rei e Capitão-General de mar e terra do Estado do Brasil, e Dom Brás Baltazar da Silveira, no tempo em que foi Governador das Capitanias de São Paulo e Minas e o Conde de Assumar, Dom Pedro de Almeida, que, ao presente, tem aquele Governo, e as informações que se tomaram de várias pessoas que todas, uniformemente, concordam em ser muito conveniente a meu serviço e bom governo das ditas Capitanias de São Paulo e Minas e a sua melhor defesa, que as de São Paulo se separem das que pertencem às Minas, ficando dividido todo aquele distrito que até agora estava na jurisdição de um só Governador, em dois Governos e dois Governadores. 
Hei por bem que, nas capitanias de São Paulo se crie um novo Governo, e haja nelas um Governador com a mesma jurisdição e soldo de oito mil cruzados cada ano, pagos em moeda e não em oitavas de ouro, assim como tem o Governador das Minas, e lhe determino por limites no sertão pela parte que confina com o Governo das Minas, os mesmos confins que tem a Comarca da Ouvidoria de São Paulo com a Comarca da Ouvidoria do Rio das Mortes, e pela Marinha quero  que lhe pertença o porto de Santos e os mais daquela costa que lhe ficam ao sul, agregando-se-lhe as Vilas de Parati e de Otubã e a ilha de São Sebastião, que desanexo do Governo do Rio de Janeiro, e o porto de Santos ficará aberto e com liberdade de irem dele em direitura deste Reino os navios, pagando nele os mesmos direitos que se pagam no Rio de Janeiro, e com a obrigação de quando voltarem para este Reino virem incorporados na frota do mesmo Rio de Janeiro; e nesta conformidade , mando ao meu Vice-rei e Capitão-General de mar e terra do Estado do Brasil e os Governadores das Capitanias dele, tenham assim entendido, e cada um pela parte que toca, cumpra e faça cumprir e guardar este meu Alvará inteiramente como nele se contém, sem dúvida alguma, o qual valerá como Carta, e não passará pela Chancelaria, sem embargo da Ordenação do Livro 2º, teores 39 e 40 e em contrário, e se registrará nos livros das Secretarias e Câmaras de cada um dos ditos Governos para que a todo tempo conste da ereção do Governo de São Paulo, suas sentenças, e anexas declaradas, o que se passou por seis vias. João Tavares o fez em Lisboa Ocidental, a dois de dezembro de mil setecentos e vinte. Rei.

COMENTÁRIOS:

- Não houve no mal redigido documento, acima transcrito, a preocupação com a demarcação geográfica das terras pertencentes a São Paulo e a Minas Gerais. O rei preferiu manter a demarcação judiciária existente entre Comarcas que, definitivamente, não apresentava marcos de fronteiras, entre as duas extensões de terras. Muitos problemas de demarcação ocorreriam depois.

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NOVO IHGMG CENTENÁRIO
BOLETIM MENSAL
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS
Presidente 2016-2019 – Aluízio Alberto da Cruz Quintão
Editor: Fernando Antonio Xavier Brandão 

Belo Horizonte, 24 de setembro de 2016                Número 01/2016

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